De Aracaju a Canindé de São Francisco: as feiras livres são um tesouro da cultura e da biodiversidade brasileira. Um potencial atrativo turístico gastronômico e do patrimônio imaterial do Brasil.
O menor estado brasileiro em extensão territorial, Sergipe apresenta uma vasta riqueza sociocultural, que aliada às suas características geográficas naturais, faz desse estado um potencial atrativo turístico do patrimônio imaterial e material da sociobiodiversidade brasileira.
O estado apresenta dois biomas em sua extensão, Mata Atlântica e Caatinga, cujas características socioambientais se diferenciam ao longo desses biomas, onde a transição se faz entre o litoral e o rio São Francisco. Trajeto marcado por um conjunto extremamente rico de feiras populares, que além da venda e da troca de mercadorias, é um palco maravilhoso da cultura e dos hábitos alimentares locais.
As próprias características históricas apontam a importância cultural do caminho entre a cidade de Aracaju, situada no litoral do estado, formado por um rico conjunto de mangue e restinga, e o município de Canindé de São Francisco, localizado às margens do Rio São Francisco, sendo esse um dos maiores rios perenes do Brasil.
O nome do estado, Sergipe, é de origem tupi e significa “no rio dos siris” através das junções das palavras:
siri que significa siri,
‘y que significa rio
pe preposição em (geralmente de localidade)
A denominação de Canindé de São Francisco faz referência aos povos indígenas locais Kanindé, cuja população, por dados do IBGE de 2010, estimava-se em 817.963 nativos.
Um roteiro turístico de 213 km de rodovia entre a cidade de Aracaju e o município de Canindé de São Francisco valoriza as vertentes indígenas desse estado, e apresenta um espaço das tradições e costumes brasileiros através das feiras livres como as de Itabaiana, Ribeirópolis, Nossa Senhora da Glória e Canindé.
Importante local de troca de conhecimento e preservação dos saberes e fazeres tradicionais, as feiras livres constituem-se como elemento importante da manutenção e promoção da cultura e da gastronomia tradicional. Podendo ser potenciais produtos de um turismo ético, que ao mesmo tempo valoriza as tradições das comunidades e fortalece a geração de renda de produtores rurais, artistas e pequenos comerciantes.
Tamanha a importância das feiras para a promoção dos saberes e fazeres tradicionais faz com que as mesmas sejam vistas como Patrimônio Cultural Imaterial Regional ou Nacional, como é o caso da Feira de Itabaiana, a qual foi instituída Patrimônio Imaterial do Estado de Sergipe pelo Projeto de Lei 124/2019.
O roteiro das feiras de Sergipe, ligando o litoral ao sertão do rio São Francisco, possibilita a todos que tenham o interesse em conhecer a sociobiodiversidade brasileira uma aventura repleta de sabores locais. Entre eles a mangaba, o umbu, os doces caseiros, as diversas farinhas de mandioca, a tapioca, o queijo coalho, o requeijão de raspa, a castanha de caju, a umburana, a pindaíba, os peixes diversos, a carne de bode, os crustáceos e tantos outros produtos que compõem a riqueza gastronômica do estado sergipano.
Tudo isso, acompanhado pelas belezas naturais dos biomas Mata Atlântica e Caatinga, preservados pelo incansável trabalho das unidades de conservação ambiental, que possibilitam nos parques naturais um espaço de lazer e conexão com a natureza.